terça-feira, 23 de setembro de 2014

Estratégias para melhorar o sono de crianças com Espectro Autista - um guia para pais

A Autism Speaks elaborou um guia rápido e fácil, apesar de estar escrito em inglês, para pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista(TEA) que apresentam dificuldades em dormir ou manter o ciclo de sono-vigília regular. Sabemos que muitas crianças com autismo têm esta dificuldade devido a falha da regulação, de base neurológica. Por isso que muitas crianças com Disfunção de Processamento Sensorial, sem necessariamente apresentarem TEA, podem também ter distúrbios de sono tais como: 
- Dificuldades para adormecer- Dificuldade para manter o sono- Dificuldade para acordar de manhã cedo

Do ponto de vista da abordagem de Integração Sensorial há estratégias que ajudam a melhorar estes momentos a depender do perfil sensorial que a criança apresenta. 



Este guia dá dicas para os pais valorizando 5 aspectos:

- Favorecer um ambiente confortável para dormir


- Promover hábitos regulares na hora de dormir

- Dicas para melhorar a rotina (o que chamo de acomodações sensoriais). Eleger recursos que servem para acalmar e acordar. Sugestão também de apoio visual para estruturar a rotina.

- Ensinar a criança a dormir sozinha

- Encorajar comportamentos no dia a dia que influenciam o sono



O melhor é que dá para baixar gratuitamente. 

domingo, 14 de setembro de 2014

Estimulando o desenvolvimento de uma criança com necessidades especiais

Não há duas crianças com necessidades especiais iguais, nem as que têm necessidades especiais semelhantes. Vamos explorar as necessidades especiais variadas e saber como estimular uma criança com necessidades especial e ajudá-la em no processo de seu desenvolvimento.


O papel dos pais

Dar amor e apoio - as criança com necessidades especiais precisam de amor e apoio de seus pais, assim como qualquer criança. Algumas vezes, os pais ficam tão absorvidos pela necessidade de estimular seu filho e compensar sua deficiência que acabam esquecendo que a tarefa mais importante é amá-lo e gostar dele como ser humano. Quando uma criança vê que seus pais gostam de estar com ela, ela aumenta o valor que dá a si própria. Esse sentimento crescente de valor é uma medida importante do sucesso dos pais em criar uma criança com necessidade especial.


Estimule a independência - se você tem uma criança com necessidades especiais, seus objetivos são estimular a independência e ajudar seu filho a desenvolver um sentimento de valor e realização pessoal. Com terapia e jogos, você ajuda o seu filho a lidar com seu problema e realizar seu potencial completo. A quantidade de independência de seu filho vai depender, bastante, não apenas de qual necessidade especial ele possui, mas como você o deixa realizar sozinho cada estágio.


Todas as crianças passam por momentos em que parecem parar de melhorar ou quando podem até regredir um pouco. Esse pode ser um momento especialmente difícil para os pais, pois têm que aprender a avaliar o progresso de seu filho.


Concentre-se em objetivos a curto prazo - quando seu filho atingir um platô (estagnar seu desenvolvimento), olhe para trás e se concentre no quanto ele já progrediu. Este também pode ser um bom momento para esquecer objetivos a longo prazo e se concentrar nos objetivos a curto prazo: alimentar-se com as mãos, vestir-se, repetir a primeira palavra ou frase inteligível ou finalmente ir ao banheiro sozinho. Quando os pais concentram suas energias em um único objetivo a curto prazo, uma criança com necessidade especial pode começar a progredir novamente. Ao parar de observar como a criança lida com esses desafios, como se adapta a novas e maiores necessidades, os pais podem se ajudar a desenvolver expectativas realistas para seus filhos.


As crianças progridem mais quando os pais agem escolhendo os métodos educacionais mais apropriados, definindo objetivos razoáveis e fornecendo um ambiente caloroso e protetor. Os pais deveriam enxergar a si próprios como parceiros dos profissionais na hora de planejar os cuidados de seus filhos com necessidades especiais.No entanto, não importa o quanto um pai ou uma mãe tente dar a seu filho, sempre há limites para o que eles podem conseguir sozinhos.

Fonte:http://saude.hsw.uol.com.br/necessidades-especiais-infantis3.htm

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Propriocepção - um sentido pouco conhecido


A maioria das crianças aprende que temos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e gustação.Há entretanto outros sentidos muito importantes que não estão incluidos nesta lista. Consciência da posição do corpo, ou “propriocepção” é um desses sentidos.




Propriocepção é o sentido que faz com que nosso cérebro desenvolva um mapa interno do corpo de modo que possamos fazer atividades sem precisar monitorar tudo visualmente o tempo todo. A maioria das pessoas ignora a existência desse sentido. Isso é um problema particularmente sério quando ele não funciona bem. Se nem ao menos temos consciência de que o sentido existe, é muito difícil entender problemas relacionados a ele.
Assim como nossos olhos e ouvidos mandam informação sobre o que vemos e ouvimos para o cérebro, partes dos nossos músculos e articulações percebem a posição do nosso corpo e mandam essa informação para o cérebro. Dependemos dessa informação para saber exatamente onde as partes do nosso corpo estão e para planejar movimentos.

Quando o sentido de propriocepção funciona bem, constantemente fazemos ajustes automáticos em nossa posição. Este sentido nos ajuda a manter posição adequada em uma cadeira, segurar utensílios tais como uma caneta ou garfo de maneira adequada, julgar como manobrar no espaço de modo a não bater nas coisas, a que distância temos de estar das pessoas para não ficar perto demais, quanta pressão colocar para evitar quebrar um lápis ou um brinquedo e a mudar as ações que não foram bem sucedidas tais como jogar uma bola em um alvo.


Como a propriocepção nos ajuda com funções tão básicas, um problema nesse sistema pode nos causar bastante dificuldade. O que geralmente acontece é que a criança tem de prestar atenção em coisas que deveriam acontecer automaticamente. Também pode ter de usar visão para “descobrir” como fazer os ajustes. Isso pode necessitar muita energia. A criança pode se sentir desajeitada, frustrada e até sentir medo em algumas situações. Por exemplo, pode ser muito assustador descer escadas se você não sabe onde estão os seus pés. 



O sistema proprioceptivo é ativado através de atividades de puxar/empurrar, pular e atividades que envolvem peso e pressão firme ou toque profundo.



Estes são alguns exemplos de atividades proprioceptivas. Elas podem ser úteis para ajudar seu filho a se conscientizar mais da posição de seu corpo e se tornar mais calmo e organizado.



* Deixe a criança ajudar em “trabalho pesado” tal como carregar compras, carregar a cesta de roupa suja, levar o lixo para fora.

* Brinque de “acampar” e ponha saquinhos de arroz e feijão na mochila da criança. Finja que está subindo montanhas e pulando de rochas no parque ou no quintal.
* Faça um “sanduiche” de seu filho entre as almofadas do sofá. Adicione pressão fingindo por pickles, maionese.
* Faça com que a criança feche os olhos e sinta onde estão suas pernas, mãos, etc. Pergunte se estão para cima ou para baixo. Tente fazer com que assuma várias posições sem olhar, tal como rolar-se como uma bola, tocar seu nariz, fazer um círculo com seus braços e fazer um X com braços e pernas.
* Faça uma massagem suave mas firme.


Johanna Melo Franco - Terapeuta Ocupacional

domingo, 8 de junho de 2014

O Ambiente Escolar para Crianças com Transtorno no Processamento Sensorial

Mudanças de ambiente, barulho, movimento das outras crianças, toques inesperados dos amigos podem sobrecarregar sensorialmente a criança com Transtorno Processamento Sensorial (TPS). Transtorno do processamento sensorial acontece quando as informações sensoriais do ambiente e de dentro de nossos próprios corpos não se organizado e interpretado corretamente e de forma eficiente pelo cérebro.

Dificuldade de entrar na sala de aula:
- Não gosta que sua mão seja guiada;
- Evita contato físico (beijo, abraços);
- Incomoda-se com esbarrões dos colegas;
-Assusta-se com barulho proveniente dos colegas arrumando o material, sentando e guardando a mochila...

Estratégias:
1. Ser o primeiro ou o último a entrar na sala de aula;
2. Evitar muitos toques, principalmente leves;
3. Estabelecer a rotina para acesso a sala de aula;

Sala de Aula
1. Diminuição de ruídos externos/internos;
2. Não sobrecarregar verbalmente o aluno. Frases curtas e simples;
3. Planejamento das atividades para diminuir materiais desnecessários;
4. Ajudar o aluno a manter suas carteiras organizadas pode ajudá-los não se distrair visualmente
5. Rotina nas atividades (apoio visual). Painel com fotos das atividades.
Lembrar: salas com grande intensidade de estímulos visuais e auditivos proporcionam distrações e assim uma maior dificuldade no aprendizado e concentração.

Hora do Lanche
1. Ambiente mais calmo;
2. Evita iluminação direta;
3. Abaixe o tom de sua voz;
4. Deixe ambiente visualmente mais limpo possível;
5. Os alimentos preferidos da criança; favorecendo uma maior interesse e aceitação.

Recreio
1. Respeitar as necessidades sensoriais da criança
2. Proporcionar cantos com brinquedos que as crianças possam escolher
3. Trabalhar com pequenos grupos em atividades diferentes proporcionando a escolha do grupo e ou atividade
4. Oferecer espaços e atividades que a criança possa brincar em grupos,com um ou dois amigos ou mesmo ficar sozinha.

Saída da Sala
1. Painel da Rotina e explicar para criança o que vai ocorrer (auditiva e visual);
2. Diminuir a chance de comportamento negativo eliminando os estímulos aversivos ( toques e barulho);
3. Deixar a criança carregar a sua mochila nas costas;
4. A criança pode ser a primeira ou a última a deixar a sala de aula.

Outras dicas de modificações e estratégias para ambiente da escola para crianças com TPS. Para as atividades em sala de aula:
1. Organizar o materiais em caixas ou pastas (pistas visuais);
2. Antecipar e sistematizar tarefas apresentadas;
3. Rotina nas atividades;
4. Informações das atividades podem ser auditivas e/ou visuais;
5. Não force contato visual, a criança pode estar compreendendo mesmo que não esteja olhando;
6. Criar situações diferentes para apresentar o mesmo conteúdo, usar recursos visuais, auditivos, táteis, movimento para explorar a mesma atividade;
7. Possibilitar mudanças de posição ou uso de assento diferenciado ao longo do período;
8. Para atividades táteis pode utilizar recursos como pincéis, luvas e rolos possibilitam que a criança a escolha de tocar ou não em determinadas texturas e consistências;
9. Introduzir um estimulo tátil de cada vez (massinha, tinta, areia ou colagem);

Quando diminuímos todos os estímulos, a aceitação do estimulo aversivo pode ser melhor.

A maioria das escolas exigem que o aluno fique quieto, parado e preste atenção na fala do professor por períodos cada vez mais longos à medida que amadurecem. Isso não é fácil para muitas crianças. A sala de aula muitas vezes pode ser um ambiente desafiador para uma criança. Os professores podem melhorar o conforto desses alunos e comportamento através do uso de atividades de integração sensorial. As atividades visam melhorar a capacidade da criança de se concentrar, manter a calma e ficar quieto. 

Fonte: Aline Momo e Claudia Silvestre -Artevidade

terça-feira, 3 de junho de 2014

Programa Son Rise para Autistas

O programa Son Rise surgiu nos Estados Unidos, na década de 70, quando Barry e Samahria Kaufman receberam o diagnóstico do filho Raun como autismo severo, sem esperança de recuperação. Eles não ficaram satisfeitos com o que ouviram dos médicos, e  decidiram procurar alguma forma de ajudar o filho. A partir desta procura, surgiu o método Son Rise.

Frequentemente, quando pais recebem o diagnóstico de autismo para a sua criança, também é oferecido a eles uma perspectiva cheia de pessimismo e a sugestão para que se conformem a uma condição trágica e irreversível da criança. O trabalho com abordagens educacionais relacionais, algumas abordagens biomédicas do autismo e a atual neurociência mostra que esta não precisa ser a única perspectiva a ser adotada. Os cérebros das pessoas com autismo apresentam grande plasticidade. Isto significa que os cérebros destas pessoas aprendem, se desenvolvem e podem ser modificados por cada experiência vivida – assim como qualquer cérebro. Ao oferecermos um ambiente de aprendizado otimizado, nós podemos ajudá-las a reconstruir os seus cérebros e aprender a superar os desafios relativos a habilidades sociais e de comunicação típicos do autismo.

A perspectiva tradicional vê o autismo como uma desordem comportamental. Como conseqüência deste pensamento, as abordagens costumam focar na mudança do comportamento, tentando eliminar os chamados comportamentos atípicos. O Son Rise vê o autismo como o desenvolvimento resultante de um sistema neurobiológico programado para operar de forma diferente. A conseqüência desta nova forma de pensar o autismo é a terapia que busca oferecer um ambiente físico e social que leve em conta esta diferença biológica e que promova o aprendizado e o bem-estar de cada criança ou adulto. 

O Programa Son-Rise é lúdico. A ênfase está na diversão. Isto significa que os pais, facilitadores e voluntários seguem os interesses da criança e oferecem atividades divertidas e motivadoras nas quais a criança esteja empolgada para participar. O mesmo aplica-se para o trabalho com um adulto. As atividades são adaptadas para serem motivadoras e apropriadas ao estágio de desenvolvimento específico do indivíduo, qualquer que seja sua idade. Uma vez que a pessoa com autismo esteja motivada para interagir com um adulto, este adulto facilitador poderá então criar interações que a ajudarão a aprender todas as habilidades do desenvolvimento que são aprendidas através de interações dinâmicas com outras pessoas (por exemplo, o contato “olho no olho”, as habilidades de linguagem e de conversação, o brincar, a imaginação, a criatividade, as sutilezas do relacionamento humano). O Programa Son-Rise apresenta uma abordagem altamente inovadora e dinâmica ao tratamento do autismo e outras dificuldades de desenvolvimento similares (como a síndrome de Asperger, por exemplo) – uma abordagem relacional. Não é um conjunto de técnicas e estratégias a serem utilizadas com uma criança. É um estilo de se interagir, uma maneira de se relacionar com uma criança que inspira a participação espontânea em relacionamentos sociais. Instrui os pais na criação destas efetivas interações com a criança ou adulto de forma que eles possam dirigir o programa de seus filhos e ajudá-los durante todas as interações diárias com eles. Os pais aprendem a interagir de forma prazerosa, divertida e entusiasmada com a criança, encorajando então altos níveis de desenvolvimento social, emocional e cognitivo. 

Profissionais de abordagens relacionais como a do Programa Son Rise têm visto durante as últimas três décadas que a aceitação e apreciação das atividades e interesses da criança auxilia na construção de uma ponte que pode levar à interação social com uma criança com autismo. Através da interação social, muitas outras habilidades podem ser aprendidas pela criança. Atuais estudos científicos demonstram o valor desta abordagem (Dawson & Galpert, 1990; Kim & Mahoney, 2004; Mahoney & Perales, 2005 e Trivette, 2003). 

O Programa Son-Rise é centrado na pessoa com autismo. Isto significa que o tratamento parte do desenvolvimento inicial de uma profunda compreensão e genuína apreciação da pessoa, de como ela se comporta, interage e se comunica, assim como de seus interesses. O Programa Son-Rise descreve isto como o “ir até o mundo da pessoa com autismo”, buscando fazer a ponte entre o mundo convencional e o mundo desta pessoa em especial. Com esta atitude, o adulto facilitador vê a pessoa como um ser único e maravilhoso, não como alguém que precisa “ser consertado”, e pergunta-se “como eu posso me relacionar e me comunicar melhor com essa pessoa?” Quando a pessoa com autismo sente-se segura e aceita por este adulto, a sua receptividade ao convite para interação que o adulto venha a fazer é maior. 

O Programa Son-Rise oferece uma abordagem prática e abrangente para inspirar a pessoa com autismo a participar espontaneamente de interações divertidas e dinâmicas com outras pessoas, tornando-se aberta, receptiva e motivada para aprender novas habilidades e informações. A participação da pessoa nestas interações é então fator chave para o tratamento e recuperação do autismo. E o papel dos pais é essencial neste processo de tratamento. 

A participação espontânea da criança em interações dinâmicas, envolventes e estimulantes é fator chave para o tratamento e recuperação do autismo. 

Ao adotarmos uma atitude brincalhona, apaixonada e confortável, nós inspiramos as crianças a se sentirem motivadas para se conectarem conosco. Elas sentem-se então inspiradas para brincar, aprender e superar seus desafios. 

Crianças com autismo, assim como qualquer criança, respondem positivamente a pessoas que se sentem confortáveis e entusiasmadas em relação a elas. Quando nos colocamos nesta atitude, a probabilidade das crianças se abrirem e quererem se conectar conosco é maior. As crianças com autismo querem aprender e brincar como quaisquer outras crianças, mas encontram nisso grande dificuldade devido à forma como seus cérebros são estruturados.